A indústria de transporte marítimo está passando por turbulências significativas, já que o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou novas políticas tarifárias sobre parceiros comerciais internacionais. Em 2 de abril, Trump anunciou uma tarifa básica de 10% que já entrou em vigor para vários países. A situação se intensificou quando Trump ameaçou impor tarifas adicionais à China, a menos que Pequim removesse suas taxas retaliatórias de 34% sobre os EUA. Os objetivos declarados por trás dessas medidas tarifárias incluem proteger as indústrias americanas, reduzir os déficits comerciais e pressionar os parceiros comerciais a fazer concessões.
Analistas alertam que as tarifas podem exacerbar os gargalos existentes nos portos dos EUA, onde a escassez de contêineres e as disputas trabalhistas já sobrecarregaram as redes de logística. De acordo com dados da Flexport, as taxas de contêineres vazios nos portos dos EUA aumentaram de 20% pré-pandemia para 70% hoje, sinalizando profundas ineficiências no manuseio de carga.
As tarifas estão forçando as empresas a reconsiderar os locais de fabricação. Enquanto algumas podem transferir a produção da China para o Sudeste Asiático ou México para evitar altas taxas, a realidade é repleta de obstáculos. Os EUA estão em 19º lugar globalmente na construção naval, produzindo menos de cinco embarcações anualmente, e enfrentam uma grave escassez de marinheiros mercantes. As companhias de navegação já estão respondendo: a Mediterranean Shipping Company (MSC) anunciou o cancelamento de seis viagens transpacíficas para gerenciar quedas de demanda, enquanto outras estão desviando embarcações dos portos dos EUA para evitar congestionamentos e aumento de custos.
As consequências imediatas da política incluem taxas de frete crescentes e interrupções operacionais. Por exemplo, um contêiner de 40 pés de Xangai para Los Angeles, que custava 3.000 em janeiro, agora ultrapassa 6.000 devido a atrasos e redirecionamentos portuários. A exigência de que navios construídos e com bandeira dos EUA manuseiem 5% de exportações e 15% de importações — uma provisão que visa impulsionar empregos marítimos domésticos — pode adicionar $40 bilhões anualmente aos custos da indústria, de acordo com a American Association of Port Authorities.
Executivos de transporte estão pedindo aos formuladores de políticas que reconsiderem o impacto das tarifas em setores críticos como agricultura e manufatura. A American Farm Bureau Federation alerta que medidas retaliatórias de países afetados podem dizimar as exportações dos EUA, enquanto a National Retail Federation prevê um aumento de 12% nos preços ao consumidor até o final do ano.
À medida que as tarifas pressionam as redes de comércio global, a indústria de transporte marítimo enfrenta custos e interrupções crescentes. Sem ajustes urgentes de política para aliviar o congestionamento portuário e lidar com a escassez de mão de obra, os EUA correm o risco de agravar a inflação e prejudicar setores críticos de exportação.